Amanhecer

Caminho ao longo desta estrada.
Sinto-me nua nesta situação. ´
À chuva, vejo carros a passar por mim. Sou fixada por olhos esquisitos, como se de um bicho do mato se tratasse, algo raro no quotidiano.
Tento esconder a minha cara por detrás de cabelo, mas falho redondamente.
Tremo; não do gelo da chuva ou do frio do vento. Deste vazio… Este negro onde fui parar quando escolhi erradamente desconhecido caminho. E agora aqui estou eu… perdida. Sem saber onde me encaixar.
Bruscamente, mudo de dimensão.
Montanhas erguem-se com o brotar do sol. Cada ponta de raio, cada tiro no escuro que me é retirado.
Leve e branco é o sítio onde me encontro. Abro os olhos.
Espelhos me rodeiam, com reflexos partidos de anos imperfeitos. Quão perfeitos são os seus traços... Lascas de memórias caem no chão. Não as piso. Apenas as observo.
Passo a história de "Era uma vez," e sorrio a cada vírgula.
Folheio cada lágrima, provo cada dissabor. Trinco a língua por cada palavra em vão.
Desperto da penumbra passada e grito:
"É a minha vez de brilhar."
Acabei de acordar.

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