A Saudade

Tenta-mo-nos livrar dela como se fosse um vírus, mas na realidade a saudade não termina, apenas cresce a cada momento em que pensamos no passado.
Dizem-na cruel, impaciente; acima de tudo dolorosa. Julgam-na um mero sentimento e injusta. Afirmam que vem de repente e sem aviso, que permanece sem autorização e sem tempo previsto.
Mas de que serve pensar no que não regressa? De que serve essa dor incomportável à qual permanentemente nos sujeitamos sem sequer uma reserva? Claro... Pelas belas memórias.
As tais bonitas recordações recheadas de sorrisos. Contudo, nada causam senão mágoa, angústia, nostalgia, revolta. Um choro imenso que estilhaça aquele chão de loucura que é o coração.
Será justo senti-la sem saber como dela escapar? Sem refúgios ou portos de abrigo onde ficar? Afinal, todos repulsam o seu inevitável castigo, porém esquecem que a saudade não se resume a um sentimento. É sim uma consequência do Amor; Esse analfabeto que apenas sentir sabe.
Talvez seja justo. O Amor tem as suas vertentes. Se somos tão felizes com Ele, temos também de suportar a dor que invoca em nós, porque tudo na vida tem moeda de troca.
Afinal, o Amor pode ser analfabeto; mas não O tomem por ignorante.

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